Cruzei a vida divisando o tempo Definindo rumos que não conhecia Me fiz estrada nas patas dos potros Levantei poeira só por rebeldia Nessas campereadas muito além da estrada Alarguei limites com meus sonhos tantos Com a liberdade geografei a pampa Fiz irmãos gaúchos pelos quatro cantos Confiei no braço e na raça do sul Quando o vento norte agrandava o olhar Vislumbrei o pago do jeito que quis E se assim eu fiz foi por poder sonhar É chegada a hora de baixar o toso De me ver mais novo e rever a lida Ao entardecer o mate é mais amargo O rancho campo largo para as recorridas Do gado manso a vergar distâncias Aos potros xucros que amansei no caminho Domei estrelas pelo céu sebruno Para o fim das contas não ficar sozinho Das andanças tantas me sobraram garras Pra afirmar que a vida é bem mais que o sonhado Que buscar a paz sempre vale a pena O que construímos é o que será legado Se meu cavalo diminuiu o tranco E as minhas esporas dormem penduradas Resta a certeza que ao domar caminhos Traçamos razões para outras campereadas