Saltou faísca no pasto seco E a labareda seguiu destino O vento leva, o fogo queima Restou as cinzas do boi brazino A força bruta do fogo fere O ferro ferve inchando ao Sol Do mato resta só base preta E a água do arroio não tapa o anzol Não deixo rastro, o chão não sede O pasto é cinza, o campo estrala Olho pra estrela não vejo nuvens Olho pro açude a água é rala O boi pastando sentindo à terra A folha torra, não vinga o fruto O trem não para, o Sol castiga Deus, manda água, enquanto eu luto E veio a chuva no mês de março Trouxe esperança para o outono Lavou a alma, encheu açudes Da natureza ninguém é dono