Jackson Demenighi

Deus Manda Água

Jackson Demenighi


Saltou faísca no pasto seco
E a labareda seguiu destino
O vento leva, o fogo queima
Restou as cinzas do boi brazino
A força bruta do fogo fere
O ferro ferve inchando ao Sol
Do mato resta só base preta
E a água do arroio não tapa o anzol

Não deixo rastro, o chão não sede
O pasto é cinza, o campo estrala
Olho pra estrela não vejo nuvens
Olho pro açude a água é rala
O boi pastando sentindo à terra
A folha torra, não vinga o fruto
O trem não para, o Sol castiga
Deus, manda água, enquanto eu luto

E veio a chuva no mês de março
Trouxe esperança para o outono
Lavou a alma, encheu açudes
Da natureza ninguém é dono