Xangô nas pedreiras eu vi uma luz da justiça Onde o fogo correu mundo a fora e tocou Os tambores das senzalas e dos porões Espalhados gemidos de angústias e dor Nas montanhas o fogo soprou os raios e o amor sorriu Entoaram-se cantos e pedidos de proteção Para os filhos da África subjugados Que a justiça se cumpra pela tua mão Kawô! Kawô Kabiecilê! É meu pai Xangô Kawô! Xangô é paz, justiça e amor Nas noites de dores, a fé transbordou As lutas e fugas foram nossas armas E um capoeira seu canto entoou Pedindo justiça oh meu pai Xangô Chibata no lombo corrente no pé E um exército armado para combater Um povo sofrido que só quer o direito De ter liberdade pra amar e viver Apesar de amarguras e desilusões Apesar das amarras e subjugações Dos pesares passados uma onda bateu Teu machado foi forte Xangô e a luz resplandeceu Hoje teu povo quer conquistar liberdade De poder entoar o teu canto nas praças Ter direito ao espaço que lhe foi negado E com alegria louvar nossos antepassados