Os tipos da cidade andam soltos feito barco a vela Tem uns que pedem piedade, outros que se fecham com tramela Há o tipo gesso que é certinho, arrumadinho Bom salário e bom patrão O outro, o geleia, molinho, derretido E vive a odisseia de morrer na solidão Tem ainda os destrambelhados Maltrapilhos, mal-arrematados Invariavelmente são cheios de sequelas E vivem mesmo pela contramão Alguém que fala sozinho pelos caminhos Nem lembra se existe ou existe a tal janela E celebra a suprema escuridão Passam fome, sentem frio Sofrem de desmaios e arrepios Sem falar na frequência que frequenta a certeza do banquete do seu dia a dia Melhor eu nem olhar pro alto Que essa gente maltratada pela vida É tão jovem, tem suficiente idade Pra morrer de tédio pelas ruas da cidade Sem direito ao sorriso ou ao juízo Cheiram cola e sempre que possível Vende o coração à prestação aos hospitais-escola Tudo que teriam ao nascer Era um lugar ao sol E já existem muitos deles Eternizados Num escuro tanque De formol Yeah