Ao abrir-se de um laço No corpo aberto do espaço Há um galpão e um mate quente Que aglutina um viventes Há um salso que não chora Há um ginete sem esporas E um cavalo que flutua Na face oculta da lua Há um profeta delirante De verbo raso e distante Há um grito ensandecido No silêncio permitido Há um poeta por acaso Ao pé do monte Parnaso E um segredo que cultua Na face oculta da lua Há um mundo sem tamanho Que nada se vê estranho De tão cansado de ausência O caos cambiou de querência Sobre uma calma de açudes Há o frio das longitudes E um poncho de lã crua Na face oculta da lua Há no bolicho suspenso Um maragato e seu lenço Há de lembrar as coxilhas Do seu tempo de guerrilha Há um chinês de bicicleta E uma alegria completa No círculo doido que atua Na face oculta da lua Há um cósmico fandango Entre vaneiras e tangos Nos letreiros em neon Carlito y su bandoneon E sobre a noite vazia Nasce a nova fantasia Que em sonhos se perpetua Na face oculta da lua