Em nome Pai, filho, Espírito Santo, amém Eu venho Padre confessar-me, por tudo que me detém Uma história de vida, um beco sem saída Uma vida atordoada, uma alma perdida Deficiente físico nasci e me apercebi cedo Cresci sem pai ao lado, sem amigos e com medo Sem uma perna, sem um braço e sem espaço Mal conotado sempre, isso tirou de mim um pedaço Não podia ir a escola e estudar normalmente No intervalo é que me apercebia que era diferente Vivia medicado, um constante drama Recaída repentina, a ambulância chama Cresci com amigos sem amor, com pena de mim Duro sofrimento parecia nunca ter fim Para mim Deus não existe, é um mito vasto Se existe pra mim não é Pai, é padrasto Eu só queria ser normal, sem esta intensa dor (logo) Poder ser alguém fazer um curso superior Ser deficiente, mas com oportunidade talvez E poder dizer ao sofrimento era uma vez! Mas milagres acontecem, sinto tua bênção Sonhos concretizados pedidos em oração Porque se ontem não conhecia o Deus homólogo Agradeço, hoje eu venci, me tornei antropólogo Em cada passo que dou (oh) Confiante eu estou (oh) De repente a tempestade vem Mas contigo eu, eu grito amém Dá-me a tua mão eu beijo, falo e não pestanejo Padre eu já me vou, ouça o meu último desejo Eu sei que é ironia, mas é a Deus quem eu vejo Deixa-me falar, agora é tudo que almejo Digo-lhe abertamente com palavras sensatas Sempre fui um homem rude de atitudes ingratas Materialista ao extremo, não reconheci o supremo E hoje é contra esta maré gigante que eu remo Cresci num berço de ouro, a família me deu tudo Menino mimado, tinha nos pés meio mundo Não tinha motivos, mas optei pela droga Álcool, sexo e cocaína minha preferida Ioga Inteligente na facul, soava poesia e prosa Fali os negócios do Pai, por gestão ruinosa Toxicodependente, um encargo pra ser franco Com meu estado débil desenvolvi em mim um cancro Cometi tantos erros, magoei tanta gente Abandonei a vizinha com um filho no ventre Dei falso testemunho, incriminei inocentes Não ouvi ao te chamado, neguei ajuda a carentes Desviei fundos, prejudiquei o povo honesto Fui injusto, desumano e não há que ser modesto E porque só tenho mais umas horas de vida Por favor abençoe esta alma perdida Coro A cada passo De repente a tempestade vem Mas contigo eu, eu grito Amém Mesmo na escuridão, eu sinto a tua mão Um amigo de verdade Hoje e pra toda eternidade