Fui carreteiro neste rio grande gaúcho Transportei progressos e plantei muita esperança Colhi saudades na lavoura do passado E hoje carrego uma carga de lembrança Mas como é lindo o amanhecer do pampa E eu guardo ainda recuerdos verdadeiros Fui a paciência caminhante da querência Pedi distâncias ao passo do boi manheiro Minha carreta andarenga veio o tempo e desmanchou Minha boiada franqueira venho o tempo e carregou Quantas saudades quantas saudades Carreta velha herança do meu avô No piquete das saudades encerro recordações Das carreteadas pelas estradas do pampa Dou meu café de chaleira e dou a roupa carreteira Da costa da restinga onde a tardinha se acanha Velha cambona e o recavem da carreta Um par de canga e um sovel de qualidade Um facão de tirar trama e a panela cascurrenta Hoje ornamenta um museu de uma saudade Minha carreta andarenga veio o tempo e desmanchou Minha boiada franqueira venho o tempo e carregou Quantas saudades quantas saudades Carreta velha herança do meu avô Ao pé do fogo madrugando um chimarrão É quando eu penso quem eu era e quem eu sou Um carreta vazia de esperança Foi somente o que o destino me deixou Onde eu rondava com a minha carreta velha Riscando os campos do meu querido rincão Do rego fundo da estrada caminheira Não há mais nada é só ronco de caminhão Minha carreta andarenga veio o tempo e desmanchou Minha boiada franqueira venho o tempo e carregou Quantas saudades quantas saudades Carreta velha herança do meu avô