Já perdi a conta dos dias que quando a porteira se abria, Montado a cavalo eu saia com laço rodando na mão, Em poucas braças de espaço já preparado pro fato, Jogava o cipó e num ato eu logo pulava no chão, Pra não perder um segundo, aquele era o meu mundo, a arena de competição Também já lacei no campeio, e sei que nunca fiz feio, Entrando bem lento no meio pra fazer a apartação, Andando meio de esgueio, eu nem me mexia no arreio, O bezerro ficava parelho, certeza que ia pro chão, Pra ele não se assustar, jogava era sem buliar, nem dava pra ter reação Mandava abrir a porteira, com uma laçada certeira, Pegava novilho em mangueira na lida da castração, Entrava na capoeira, e não refugava a sujeira, Enchia a minha algibeira com o dinheiro do patrão, Não éra pra qualquer um, tarefa meio incomum, capturar boi fujão Eu penso como é o destino, eu fui laçador em menino, Agora neste desatino, por não ter firmeza nas mãos A idade castiga sem dó, o tempo me apertando o nó, De resto serei como pó, de volta irei para o chão, E tenho no pensamento, certeza que o meu tempo, já se tornou erosão!