Há muitos anos se formou em medicina E no ofício ele mostrou dedicação Mas tem as coisas que a vida nos ensina Independente de qual seja a profissão Equipamentos que pensei que nem existe Ele usou pra me fazer a operação Sou homem simples, mas lhe fiz esse convite Que aceitou e vi que foi de coração Se levantou de manhã cedo todo dia E foi beber o leite morno no curral Nem se lembrou da hora da academia E muito menos que assistia seu jornal Admirando o cantar de passarinhos Nos arvoredos de fruteiras do quintal Bem diferente dos diários burburinhos Nos corredores de um enorme hospital Chegou até usar alguma ferramenta E aprendeu o modo de carpir o chão Colheu os ovos e os trouxe pra despensa E ajudou buscar a lenha pro fogão Sentou no banco feito numa sucupira Com o machado e entalhado no formão E almoçou no jeito simples de caipira De segurar o prato apenas com uma mão Nesse passeio desfrutou de alegria E prometeu aqui de novo ele voltar Pois pareceu até ter feito cirurgia Na sua alma, as belezas do lugar Ele é doutor e vive só na correria Salvando vidas no que é sua missão Mas o remédio que ainda não sabia Ele extraiu das coisas simples do sertão!