Sou um caipira matuto sempre morei lá na roça, Meu rancho é muito antigo, e lhe chamam de palhoça. O meu curral é pequeno, ele foi feito de bambú, As minhas vacas de leite sempre foram coisa bem pouca / bis Mas são elas que sustentam umas cinco ou seis bocas. Tenho um carro de boi que já está abandonado, Em um canto lá do sítio ele fica encostado. E o som de suas rodas ao longe ouço rangendo Mexe com meus sentimentos e no peito vai doendo. Só ficou grande saudade que hoje já não ouço mais / bis Só eu mesmo sei a falta que isto tudo me faz. Refrão O progresso é bom, não tem outro jeito Nos deixa grande saudade e machuca nosso peito Acabou com o sonho das tropeadas de peão A luz elétrica acabou com o luar do meu sertão. O meu cavalo ruando também sente a saudade Das suas longas caminhadas que fazia até a cidade. Minha cela mexicana no paiol tá pendurada, Também sente o abandono alí toda empoeirada. E o meu laço de couro que até não abre mais / bis Está todo endurecido pelo longo tempo que faz. Sou um caipira matuto não tem como eu mudar, Eu morei por muitos anos sobre a luz do luar. Já cavalguei muitas léguas enfrentando poeirão, Para entregar boiada neste meu grande sertão, Enquanto hoje toda aquela boiada / bis Viaja de caminhão, rodando pela estrada Refrão O progresso é bom, não tem outro jeito Nos deixa grande saudade e machuca nosso peito Acabou com o sonho das tropeadas de peão A luz elétrica acabou com o luar do meu sertão.