Os vaga-lumes eram magos Eram vigilantes mágicos do palmeiral As borboletas eram fadas Que brincavam pelas tardes do meu quintal Quem pensaria em solidão? Quem pensaria em solidão? Eram as flores um presente De algum Deus que olhava a gente Contra o mal E até ficavam mais contentes Como as roupas reluzentes no varal Na ventania um carnaval Na ventania, como um carnaval. Onde é que a vida virou Que as flores não dançam mais? Os vaga-lumes já não podem Vigiar o palmeiral Pois suas luzes perderiam-se Nas luzes do real E aquele Deus já não queria Plantar flores no quintal Sem as flores não se tinha Mais defesas contra o mal. E as borboletas foram ao chão Ninguém com seu chapéu na mão. Onde é que a vida virou Que as flores não dançam mais?