Irônika

Libertas Quae Sera Tamen

Irônika


liberdade que ainda tardia!
a frase nunca se cala
por todos os preços abusivos 
no custo da cesta básica
as correntes que me envolvem 
estão mais fortes a cada dia
desespero da sobrevivência 
difícil ficar fora da máquina
você se mata pra matar a fome, 
se vende pra pagar seus impostos
e continuamos sempre no colapso
apesar dos esforços
doentes e aprisionados pelo custo de vida
liberdade! Suas asas não voam, 
são tantas feridas!

são tantos os tormentos, 
baixas que nos levam a sofrer
libertas quae sera tamen!
mesmo ferido não me esqueço, 
tenho que tentar viver
e me libertar...

entre a fila dos desempregados 
e as algemas do trampo desumano
estou mais pro olhar de esperança 
do velho bêbado caído no canto
com ou sem euforia me pergunto 
o que resta a acreditar?
dignidade e emancipação! Quando será?
os meus sonhos sendo engolidos pela situação
especulações financeiras desandando a minha vida
o dilema plebeu do pai de família 
sem 20 centavos pra comprar um pão
fica fácil compreender o ferro em sua mão

às vezes penso que mesmo tentando 
você nunca sai da senzala
sabe aquela sensação - o mundo conspira 
as paradas dão sempre erradas
mesmo  perdendo a partida não posso parar de jogar 
ainda  quero me sentir vivo e poder respirar

liberdade que ainda tardia! 
como disse o jovem pessimista
o que há de glorioso em ralar a vida inteira 
por nada?
pra acabar numa sala escura, 
entretido com o programa medíocre
vegetando e esperando a morte chegar
tarde demais!