Água nua O tempo é um vestido Renda de reza e destino Pano fino sobre um corte Água muda O tempo é um gemido Semente de um verso desdito Nascido durante a morte De onde sorve a minha sorte Do amor a sede sonha Água pedra Que há tanto tempo, o tempo bate e fura Dança contida pele em bruma E sumindo enquanto dura Água doce Fosse o tempo que o deleita Dança vertida pele em lume Que é tão linda, leve, livre, leda quando é desfeita Água rum Que o tempo é horizonte Faca só ponta e só gume De onde sorve a minha sorte Do amor a sede sonha Água sumo Que o tempo é a bruta fonte Charco que espera e premune De onde sorve a minha sorte