É um senhor que nega usar bengala É um senhor um tanto tagarela E quem quiser que o chame de idoso Pois o danado indé formoso Nesse seu maduro esplendor E vai disseminando seu fascínio Sobrevivendo ao assassínio Esbanjando vigor É o samba que não quer calar É a voz dos desesperados por insurreição Que entoam dia e noite um canto sem razão Pois pra que pensar tudo que faz Se nem és capaz de amar demais A ti mesmo e a teu irmão de sangue ou espécie Só porque ele não convenciona tua prece Não sei aos olhos de Deus Mas aos olhos meus Somos iguais e nada mais Faz um favor não vem me azougar O meu sinhô nem vem pra cá lograr meu bom humor Vou te avisar: tu vai quebrar a cara Que o meu batuque é coisa rara Só quem tem canção pode entender Se me subestimar pela idade Vai ver que jovialidade Eu tem pra dar e vender Eu sou o samba e não vou calar Na corda bamba eu continuo a passear Livrando as bombas que querem me derrubar