Grito Como ser covarde pra sorrir ao ver o sol arder? Ao ver chão ruir, secar e derreter E agora é pura lava e brasa em pés descalços Grilhões, metais fundidos, bandeiras e farrapos Andar no deserto E retroceder Ao chuvoso inverno E trazer de volta à vida o rio que secou Por que ter vergonha de chorar e umedecer a tez Da seca milenar? A fartura dos reis Nos traz insônia e ímpeto, querer mais que salário Sair da eterna espreita o grito proletário Quando dormirmos Sonhos em vermelho Nos trarão de volta O orgulho insano de guerra vencida Nessa intermitência Desse rio de gente Temos competência Pra saber, querer, lutar por isso e conquistar Fazer cair o império altivo e humilhar os reis