Nascer, viver, vender, comprar Comer, beber, morrer, chorar Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar E a dívida com a gente diz quem é que vai quitar Vão quitar ou não hein? Ouve ai Tudo mundo é livre pra sonhar, e realizar também Ter dinheiro pra poder comprar, isso te faz tão bem A gente paga se ferra, faz em trocentas parcela Economiza quase zera, espera também pudera O carnê vale mais que o RG, e você tem que ter pra ser Não basta crer, você tem que cre-cre-Credicard A felicidade perto da sua mão Não precisa ter dinheiro faz uma prestação Compra agora corre e aproveita a promoção Com desconto paga a vista ou então no cartão Propaganda prato cheio qual que você quer? Volks, Fiat, Chevrolet, Sony, Philco, Cce Adidas, Pulma, Nike Air E as pessoas sempre presa em alguma empresa Tiazinha, vítima não fica ilesa Foi pega, pelo comercial da tela Alegria dividida em 24 parcelas Já era Aposentadoria dela já era Já era Desconta direto na conta Não espera, não tem boi O banco cobra nem que for na marra Não passamos de um número, de um código de barra Nascer, viver, vender, comprar Comer, beber, morrer, chorar Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar E a dívida com a gente diz quem é que vai quitar Hei hei hei, e o nordestino? Vai, vai, vai, vai, vai Dividas reais, duvidas iguais, juros anuais, só aumento mais Vai, vai, vai, vai Negócios mensais, ataques brutais Salário que vai não volta jamais Conta de água e luz renda que reduz Leva todo meu empenho em torno do que compus Se alimenta do que tenho com o meu desempenho Lucro não contenho e o seu desenho vai fazendo jus Saldo negativo pro trabalho brasileiro Que da duro o mês inteiro e não vê nada no final Não vê um real, crime ideal, juro imortal, desconto atual Tira nada no total, bem material que vai extrair no alimento Pagamento é um arrebento movimento desigual Rendimento violento sufocando O sentimento de quem trampa a todo tempo O fundamento é igual para que o sonho se calculem Horas extras que me saem Quantas vezes se concluem Tarifas que sobressai sempre traem Trabalhadores vitrines que distraem E produtos de brindes que te atraem Te contraem vendem mas nunca caem Além do imposto que é imposto Pelo seu oposto que não mostra o rosto ao povo Fez um aborto depois que foi posto em cargo exposto Foi composto gaste com confortos e saúde sem esgoto Cadê o nosso dinheiro investido na educação Sem escola sem emprego fonte de alimentação Pago muito em transporte mas não tenho condução Pago sem ter condição pra beber comer deve TV Correr fazer morrer querer e não poder Até o progresso tá difícil de ver Esse processo pro regresso Sem acesso ao poder, porquê? Cobra dívida da história com juros de quem explora Escravatura de outrora não venderam a memória, ora Trabalhos rurais, imigrantes fazem mais pelas suas capitais Concretizam ideais, constroem mais que centros e centrais São expulsos como intrusos com a roupa e nada mais Vai, vai, vai, vai, vai Que a nossa divida sem preço Esse é o começo da nossa cobrança Rapadura não descansa E andança na distancia gritando A importância de quem quer mudança Nascer, viver, vender, comprar Comer, beber, morrer, chorar Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar E a dívida com a gente diz quem é que vai quitar