Inezita Barroso

Trem de Alagoas

Inezita Barroso


O sino bate
O condutor apita o apito
Solta o trem de ferro um grito
Põe-se logo a caminhá

O danado pra Catende
O danado pra Catende
O danado pra Catende
Com vontade de chegá

O danado pra Catende
O danado pra Catende
O danado pra Catende
Com vontade de chegá

Mergulham mocambos
Nos mangues molhados
Moleques, mulatos
Vêm vê-lo passá

Adeus, adeus

Mangueiras, coqueiros
Cajueiros em flor
Cajueiros com frutos
Já bons de chupá

Na boca da mata
Há furnas incríveis
Que em coisas terríveis
Nos fazem pensá

Ali dorme o Pai-da-Mata
Ali é a casa das caiporas

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá

Meu Deus, já deixamos
A praia tão longe
No entanto avistamos
Bem perto outro mar

Danou-se, se move
Se arqueia, faz onda
Que nada! É um partido de cana
Já bom de cortá

Cana caiana
Cana roxa, cana fita
Cada qual a mais bonita
Todas boas de chupá

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá

Ali dorme o Pai-da-Mata
Ali é a casa das caiporas

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá

Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Vou danado pra Catende
Com vontade de chegá