Inezita Barroso

Destinos Iguais

Inezita Barroso


Já foi no morrer do dia
Quando eu vi com alegria
Dois canários a cantar
Com gorjeios de ternura
O casal trocava juras
De jamais se separar

De repente da galhada
Como alguém numa emboscada
Vem surgindo um gavião
Atacou a canarinha
E levou a avezinha
Completando a traição

O canário alucinado
Perseguiu desesperado
O terrível malfeitor
Mas depois voltou chorando
Muito triste soluçando
Num gorjear cheio de dor

Ao ouvir o triste canto
Compreendi que era o pranto
De quem chora por alguém
Eu ali tão solitário
Triste só como o canário
Sem querer chorei também

Em vez da felicidade
A amargura da saudade
Não me deixará jamais
Somos dois que assim padecem
Nossas vidas se parecem
E os destinos são iguais