Quando o fim do dia vem chegando Bate um vento minuano feito um sopro de canção E cada sabiá da laranjeira Canta a sina de morrer outra estação Nada faz passar essa saudade Já faz tempo, ficou tarde pra enganar o coração A estrada fica cada vez mais longa E só mesmo nas milongas eu afasto a solidão Mas o que passou virou história Que a vida não tem hora pra deixar de acontecer E cada vão minuto que é perdido Não retorna pra salvar quem se arrepender Ter coragem de tocar em frente Se lançar pela corrente, desaguar no ribeirão É mais uma questão de paciência Ver que a força do destino nos carrega pela mão Entregar-se às asas do tempo Não carece sofrimento nem se pode evitar Ele vai trocando de estribilhos, dá os passos Tira os trilhos e convida a nossa sorte pra dançar E é tão bonito ver nos passos dessa dança A gente sempre ser criança e tantas vezes tropeçar Só para encontrar nova razão De pisar bem firme o chão e se levantar Nem tão devagar nem tão depressa A ciranda recomeça pra quem muita vida quer Há sempre um amigo de calçada Uma linda madrugada pra perder nos braços de outra mulher É só pôr lenha na fogueira que há no peito Se nem tudo é perfeito, nem tampouco é tão ruim Eu, tendo trabalho, amor e pão Sigo o baile e a canção nunca chega ao fim