Serei mil pares de pernas Dançando em roda Em volta, em roda Em volta, em roda Assistindo o shopping center queimar Quando a publicidade morrer E desintoxicar a felicidade E a cidade respirar o fluxo da Terra Sem vaidade Tornando-se o tempo inevitavelmente lento Rebento do vácuo e do ócio E do saudável entendimento da necessidade de enxada diária E pessoal na enxurrada de informações da rede social Quando o medo der lugar ao carnaval E a empatia desbancar o capital Quando a Apanhador Só for mais famosa Que os Michel Teló Quando o óleo não mais precisar ser arrancado E refinado pra mover o carro do playboy Que tendo em pó o seu status quo Não terá mais Camaro ou empregado pra rebaixar E no Facebook, cheio de ouro no look Será visto como dodói E não herói quando ostentar Serei mil pares de pernas Dançando em roda Em volta, em roda Em volta, em roda Assistindo o shopping center queimar Quando o abraço atravessar As camisetas brancas do brancos brandos Ex-cegos de um olho só Não mais formos egoístas com nossos privilégios nós E não mais banalizarmos Até esvaziarmos o significado do amor E quando em consequência disso tudo A grana ficar em segundo plano Com o óbito do ágio miliciano das grandes corporações Nesse ano, o oceano humano superará As questões de gênero, social e racial E a justiça da mulher, do negro e do índio Tomará de assalto a nave espacial Serei mil pares de pernas Dançando em roda Em volta, em roda Em volta, em roda Assistindo o shopping center queimar Eu digo Toda pressão represada entre ombros do meu cotidiano voará E cairá sobre o palácio dos vampiros do comando Eu digo Toda pressão represada entre ombros do meu cotidiano voará E cairá sobre o palácio dos vampiros do comando Serei mil pares de pernas Dançando em roda Em volta, em roda Em volta, em roda Assistindo o shopping center queimar