Cheguei da entrevista ao meio dia O céu era sarjetas de voo Aproveitei pra afastar a cadeira Pras crianças não subirem E presenciarem o tiroteio da janela E acabei levando um tiro certeiro E que sobrou foi o rastro de sangue no canteiro Onde vamos cobrar a nossa paz É na favela que morre mais Uma vida de agonia Quando um menor se perde na vida Entre os becos e vielas A história é a mesma Tentar viver como um cidadão Sem estar estirado no chão Sem estar quebrado no chão Sem estar deitado no chão Onde vamos cobrar a nossa paz É na favela que morre mais Não estou a te esperar (Corre, lá vem bala) Não estou a te esperar (Corre, lá vem bala) Ratos no covil de serpentes Foi essa a definição que escutei No jornal pela manhã Abrigados no alto do morro Onde pássaros são projéteis de bala Como a matança em qualquer outro ponto Se iguala Aonde vamos cobrar a nossa paz É na favela que morre mais Dias passam e uma vida se desfaz