Nos distantes sertões e veredas, de cerrados e buritizais Lá passei minha alegre infância, na fazenda junto com meus pais O meu mundo era todo cercado pelo verde e muitos animais Me tornei sertanejo nativo, e até hoje eu tenho comigo coração e cabeça rurais. Mas o vento forte do destino sutilmente foi me afastando Do meu canto feliz e alegre, e na estrada da vida deixando Eu que era caboclo campeiro, fui levado pro mundo urbano Hoje vivo a saudade da roça, me lembrando da velha palhoça, e às vezes fico perguntando. Onde está a alegria e a pureza que em mim transformou-se em tédio? Por que agora tenho que viver só cercado de carros e prédios? Minha vida tranquila onde foi, por que querem que eu tome remédio? Será que é isso um castigo, até penso que é apenas comigo, ou será uma forma de assédio? Lá na roça eu era despertado pelo galo da madrugada Agora eu não posso dormir, a cidade está sempre acordada E se quero falar com alguém, não há tempo pra prosa furada Sertanejo é bem diferente, sabe tudo de bicho e de gente, ele atende a toda chamada. E por tudo que eu já vivi na cidade e também no sertão Hoje eu sei e posso distinguir, sobre as coisas ter boa visão Na cidade se corre por tudo, o dinheiro é a solução No sertão o que vale é a pessoa, a palavra não é coisa à-toa, prevalece a boa relação Não há como voltar ao passado, mas se pode atender um desejo E por isso eu vou procurar, eu não sei se mais tarde ou mais cedo Reencontrar a paz e harmonia, que aqui eu procuro e não vejo A cidade não é bom lugar pra viver, sorrir e sonhar, quando se tem coração sertanejo A cidade não é bom lugar pra viver, sorrir e sonhar, quando se tem coração sertanejo.