Há muito venho pensando Neste vai e vem de ganância Vim ver meu rancho tapera E o que sobrou, da estância Cambona gelada, e um fogão atirado Vidraça partida, lamparina apagada Morada vazia, carreta em pedaços Cachorro solito, farejando a estrada No campo vi marcas, de patas afundadas Se foi o gado, para o lote dos fundos Morreu a pastagem, aguada secou E o velho caseiro, caserear noutro mundo Um pelego rolando que o vento jogou O jugo deitado que o fogo queimou São marcas de um tempo, de um lugar esquecido E um arame rompido que o tempo deitou Opacas vertentes, com águas escassas Uma bolsa de lã, com ossadas espostas Figueira caída por cima do rancho Me faço perguntas, não tenho respostas Cadê os braseiros, que aqueciam as noites Não vejo cambichos, forjados nos mates Sumiram os bolichos, de beira de estrada Por onde andam os heróis? E suas bravatas Voltar pra estância que um dia foi berço! Olhar pro galpão, ver o mato em volta! A emoção transborda criando revolta Porque quem ficou! Abandonou a escolta Quem volta sofre outra vez Quem buscou nas garras A esperança de voltar pra lida Vê hoje o campo servindo! De assentamento