Meu Brasil querido, solo tão rico e abundante Era um gigante adormecido, cobiçado por navegantes De além-mar, dos desertões africanos O negro acorrentado aqui chegou Semeou nosso folclore e Cascudo nos mostrou Aprendeu a plantar, rezar, curar. Ensinou a dançar, cantar Escravos da opressão no abandonado sertão E do mandacaru, sobreviveu, mata branca enfrentou, e ao luar Viu o Cangaço chegar, pediu proteção contra o Boitatá No coração do ''Inferno Verde'' O Boi revive e a Cunhã-poranga brilha Enquanto o Pajé anuncia orgulhoso, Que o futuro é ''Garantido'' e o destino ''Caprichoso'' Festa do Divino, Marujada, Carimbó Violeiro anima na Ciranda, Boi-Bumbá Curupira apareceu, o Cerrado se escondeu O Uirapuru cantou e a índia se encantou Kuarup encarnou, seringueiro aprendeu A respeitar as maravilhas que o Chico preservou Suave é o canto da Mãe D´água, assombros protegendo o lugar As lendas e mistérios lá do sul Pinheirais e chimarrão, peão e gralha azul Savana, o pastoleiro está presente Porque nosso sertão é o coração de cada um Hoje a Vila e seus herdeiros Brindam à mãe natureza E pintam nesse carnaval O retrato de um Brasil plural