Entrelaçada ao pescoço, com a viola vem o moço Com a voz calma e lenta, como um dia que não venta No cantinho da calçada, feito uma alma penada Olhar de onça assustada, no avanço da queimada Mas quando tocou a viola, feito o vento na marola Por um grande amor cantou e por mil que fracassou Disse não gosta lida, só pediu água e comida Recusou qualquer dinheiro, banho, roupa ou barbeiro Eh! Violeiro, equilibra as cordas nos dedos E o cara sem sorte na vida A beata, a perdida, fez todos dançar Eh! Violeiro, para ele amor não é brinquedo Até o mais frio bandido Do mais pobre ao mais rico fez se emocionar Com sua voz exaurida e a platéia agradecida Ele toma a cachaça que lhe é oferecida Diz não ter mais nada no mundo que lhe toque os sentidos Que já tem tudo que merece e tudo é que preciso Entrelaçada no pescoço, com a viola vai o moço Sorriso de missão cumprida e um adeus de despedida Um galho solto no rio a deriva da corrente Some na primeira esquina, feito uma estrela cadente