Eu sou o griot, o mestre da literatura oral Narrador por excelência, sou um instrumento musical Trago uma vertente mais sublime, inalcançável Suavizante, transcendente, agradável Não formatada dada a sua originalidade Não palpável a sua imaterialidade Escutar é ir além do simples ouvir É captar o sentido dos sons e refletir Perceber e compreender sua forma estrutural Quanto maior o conhecimento, melhor a compreensão musical O que canto foge às leis entendíveis da razão O que canto é o que escrevo e o que escrevo não canto em vão Quem ainda me escuta até os dias presentes Mergulha logo numa realidade envolvente Sei que o que eu canto não agrada tipo lixo Nem por isso vou parar de cantar para alimentar caprichos Eu vou cantar até que a idade permita Não o que os outros querem, eu canto o que o povo necessita Isto não é brincadeira, é coisa séria Sou narrador por excelência, mestre de primeira O século XX trouxe a revolução musical O entusiasmo foi grande, e como tal Inovações, pretensões, criações, tendências Novos gêneros musicais, novas preferências Quando canto, encanto porque, o que canto é bonito E a minha vida assume a dimensão do infinito Cantando invento sempre de tudo um pouco Uma mentira, uma saudade, um romance louco Canto para espantar os demônios, juntar os amigos Seduzir a vida, sentir o mundo comigo Quando canto faço história, por outro lado Foi gritando que aprendi a cantar: Sem pudor, nem pecado