Olho o relógio, fecho a janela, sozinho e só na cama Fetiches me incomodam, vícios me desprezam, não sei que me ama A TV saiu do ar, a rádio ta um saco, a noite é um aluguel Um drink que não bebo, um livro que não leio, tigres de papel Os meus sonhos me abandonaram A solidão ficou estranha Você não está comigo Sinto frio no umbigo Estou sofrendo de insônia... Tomo comprimidos, apagou o abajour, me sinto tão menor A noite vai virada, pressinto a madrugada e o medo sol Ando pela sala, vasculho a geladeira, não paro de pensar A beira do abismo, meu lar é meu hospício, ninguém vem me encontrar A casa me engoliu, o quarto me imprensou, a luz ficou no escuro Me sinto deprimido, no maior sufoco, um telefone mudo O teto desabou, o céu caiu no chão, vou enlouquecer Num beco sem saída, pra lá de suicida Não sei o que fazer