Ela acorda, olhos borrados do rímel, Ela chora, tenta lembrar da noite passada, e parece impossível. Pega o celular e olha as fotos, Toma uma dose de red que sobrou dentro do copo. O cara nú do seu lado ela nem lembra o nome, O beck frio no cinzeiro, ela sente fome. Abre a geladeira e não tem nada. Se cobre com o lençol, se joga no sofá da sala. O cara sai, sem dar um beijo, pega o telefone. Ele não vai ligar, é típico de todo homem. Um banho frio pra passar a ressaca, Mais uma dose pra espantar as mágoas. Um café quente na padoca da esquina, Observando o movimento, os caras xavecando as minas. Lembranças dominam a mente, o passado, o presente. O ódio e a revolta, o batom e as balas no pente... E ela lembra de quando era a princesa da família... E ela lembra de quando se envolveu, atraída pela picadilha... Lenço no rosto, desgosto, caiu na boca do povo, (De novo e de novo), se entregou ao mundo criminoso... Ela só quer voltar... Aqui não é o seu lugar... Seu sonho de ser superstar se perdeu na neblina, Virada, chapada com os manos na esquina, A maquiagem já não disfarça as olheiras E já não sabe se é domingo ou sexta feira... Perdida em meio ao sonho de ser desejada, As fotos na internet não passam de uma fachada. O sorriso se perdeu aos doze junto com a inocência, E os valores esqueceu junto com a decência. De mão em mão, seu sonho era ser bancada, Ser a patroa do crime, primeira dama da quebrada, Salto alto, cinta liga e uma glock engatilhada. Maverick 88 a carruagem encantada. E nesse mundo louco o tiro saiu pela culatra, E a princesa se perdeu na madrugada. Hoje ela acorda querendo que seja um pesadelo Esse passado tenebroso que ela vê no espelho Ela ora e pergunta a sí mesma se tem volta. Lembra de quando saiu de casa batendo a porta. Sozinha agora ela sente saudades E pede a Deus perdão e uma nova oportunidade....