Hoje acordei com um barulho lá no alto da serra Fechei mais uma vez os olhos, mas não pude dormir Os passarinhos se assustaram e fugiram pra longe Depois um silêncio na mata, cheguei mais perto da cascata Que pra mim se turvou Hoje estive olhando as plantas que tenho no quintal Pareciam querer me pedir um pouco de atenção As formigas todas se ajuntaram e cobriram o chão A seriema deixou de cantar, saiu daqui pra nunca mais voltar E me fazer entender Que é preciso ser terra, é preciso ser água É preciso ser fogo, é preciso se ar É preciso parar pra sentir a força da correnteza Evitar que a ganância e a ambição causem tamanha tristeza Deixar a vida fluir, pra ouvir o canto da natureza Hoje eu senti saudades da casa dos meus pais De brincar com aquelas crianças amigas da roça De nadar e de pescar piabas no meio do riacho Mas é pena eu não ser mais criança E o riacho ser só uma lembrança que o homem matou É preciso dar flores, não somente espinhos É preciso consciência pra escolher os caminhos Será possível explorar sem ferir? Sem destruir a beleza? Será possível evitar que a razão ceda lugar a frieza? Deixar a vida fluir, pra ouvir o canto da natureza