Tem pão de queijo, cafezim feito na hora Requeijão, suco de amora, broa e bolo de fubá Caboclo-d'água, lobisomem, caipora Inté mula-sem-cabeça rodeando o arraiá A molecada jogando bola de gude Colando pipa com grude e correndo pra empinar Menina-moça banhando em água de cheiro Com santo casamenteiro, já querendo se apegar Lá no meu sertão o ano inteiro é alegria Tem batuque, tem quadrilha, festa quase todo mês Eu fico doido pra chegar logo dezembro Pra eu pegar minha viola e cantar pra Santo Reis Tem meu cumpadi, preocupado com a andadura E o porte de uma mula que ele acabou de comprar A revoada da formiga tanajura, vaga-lume, saracura No escuro a piar Fogão de lenha lá no canto da cozinha Tem a casa de farinha e o povo pra trabalhar Pássaro-preto e o canarinho chapinha Cantando, de tardezinha, só pra gente se encantar De manhã cedo já tem peão ordenhando E o bezerro tá berrando com vontade de mamar A mãe-da-Lua foi-se embora avoando O caipira tá arando sua terra pra plantar Tem um banquinho lá na beira da calçada Onde a gente encosta a enxada e senta pra prosear É tanto causo e aquela risaiada Que eu não quero mais nada, só viver nesse lugar