Desmonto essa armadura Forjada aos remendos De pedaços colhidos do chão Mais vale arder nu ao relento Que se escorar numa carcaça de latão É inútil lustrar esse escudo Desprezando os espinhos que crescem À revelia na pele Que de mansinho nos adoecem Na couraça criada à base de insulto e porrada Só aquela primeira camada da derme que guarda A parte mais pura, que não se fere Desmonte essa armadura forjada aos remendos Recusando o que te exigiu a razão A ferrugem que te trava não é nada Frente ao pequeno pedaço que pulsa- o coração Feche os olhos, se envolva em trevas Pra delas poder notar Que há, largada em algum canto Uma luz teimosa a se rebelar Contra a couraça criada à base de insulto e porrada Que pelas fendas e rachaduras, de dentro pra fora Revela a beleza que deixa escapar