O patrão ontem, vendeu a velha estância E os sonhos que eram meus foram também Léguas e léguas de silêncios e de campo Que eu há tempos conhecia muito bem Cavalos mansos, gado bueno e as ovelhas Campo e mio-mio, várzea e açude, tudo enfim E tudo aquilo que era a vida que eu não tive Mas era parte essencial por ser de mim Um arreio já surrado, a velha gaita Poncho nos ombro e um chapéu Um jeito de quem tá indo sem ter data pra voltar Sem saber que pra sonhar não adianta olhar pro céu Vai uma saudade e mais nada Uma esperança emalada Quando um gaúcho pega a estrada Os apartes de mangueira e minhas tropeadas E os setembros que floriram as maçanilhas O galpão das desencilhas e dos meus mates E a tapera que era parte da coxilha O patrão vendeu a estância como era Com um cadeado na porteira da entrada Os meus sonhos pelo meio e dor pra sempre Que largou junto de tiro pela estrada Uma mala de garupa, uns pila curto Uma baia e um gateado no buçal Um jeito de quem tá indo sem saber pra onde ir Sem entender que partir também faz parte da vida