Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno pra casa Fagulha de coronilha Que se estilhaça nas brasas E cai em frente a lareira Sabendo que não tem asa Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno pra mim Perdiz que pia voando Até o impulso ter fim E se aninha de novo Numa moita de alecrim Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno pra ela Gaúcho que se despede Dando adeus na cancela E no fim do dia volta Pra rever os olhos dela Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno pra infância Pandorga que rompe a linha E ganha o céu da distância E regressa pra piazada Na mão de algum peão da estância Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno pra os meus A alma que está de partida Rumando os campos de Deus Depois encontra sua luz Na escuridão dos ateus Quanto mais eu vou embora Mais eu retorno aos amigos Campeiro que inventa atalho Depois pressente o perigo Mas acha o passo de sempre Repisando um rastro antigo O meu lugar é o agora E vivo aquilo que sou Quanto mais eu vou embora Mais eu fico aonde estou