Sou pensador de palavras De verdades desmedidas E só por mim, ganham vida Quando saem campo afora Tenho ideias de campo De várzeas e em temporais Que por serem estendidas Às vezes falam demais Sou pensador do que vejo Nesta distante viagem Os olhos guardam a imagem Apenas do me cabe O resto se vai na sanga No rastro da correnteza Feito quem fecha seus olhos Frente tamanha clareza Sou pensador de confiança Sejam dos outros ou minhas Mas que nunca estão sozinhas Por serem mesmo verdades Nunca entendi o contrário De quem se escondem da luz Que ao próprio rastro se perde E nem o seu rumo conduz Sou pensador do que quero Sem apontar a ninguém E penso o que me convém Pela razão que me guia Não tenho medo de fato Que alguém me aponte por roubo E, embora a razão me diga Não me convenço por pouco Sou pensador de silêncios Escuro mais do que falo Frente a tantos me calo Pra aprender suas palavras Da vida nada se leva Se deixa apenas lembrança E o que pensei por verdade Há de ficar nesta herança