Foi quando a tarde se estendeu lenta e solita Que o fim do dia entregou toda sua luz E se acendeu uma Lua escassa, e seus candeeiros Clareando o rancho e os dois braços de uma cruz Ficaram inquietas e tão móveis sombras velhas Deixando tudo num silêncio de lamentos Que a luz da Lua percorreu o rancho inteiro Por rasgos claros desquinchados pelos ventos Ficou a sombra habitando e seus fantasmas Qual vultos negros nas paredes, lentamente Se escondendo frente aos olhos assustados De um menino, que fui eu, antigamente Assim por tudo, há uma sombra transponível Que só o tempo a decifra, por seus trilhos Por isso a cruz abriu seus braços ao menino Feito um abraço de uma mãe cuidando o filho Então o rancho foi ganhando claridades Que iluminou-se pela fé que nos traz calma E explicou aos olhos claros que um menino Não teme a sombra quem tem luz dentro da alma