Bom, até 'manhã, até pra sempre ou mesmo até já, até o dia que eu deslembre ou volte a lembrar. Quanto maior a ausência mais eu te percorro, minha consciência te revive e eu morro. Mãe, arranha o vidro da janela onde a sujeira vela por nós dois porque eu não sei quem anda mais sozinho. Ai, eu perdi o ninho, a casa, o colo, a crença -só nossa doença não me abandonou... Que não soe falsa a valsa lenta e o que ela alimenta na hora tardia: a solidão como um cordão tem uma ponta solta, fria, livre da hipocrisia. Adeus, querida, casca de ferida, escrava de Jó, luz do meu céu, tão pequenina: no São João, o tangerina... Na rapsódia em blusão de tafetá, flutuas em Paquetá! Mãe, no teu velório eu desejei as moças na cachola. Ai, mãe, não liga, me perdoa, é que eu não sou boiola. Eu sou mesquinho, mãe, letrista pobre, aumento: Fui teu catavento, foste o meu moinho.