Baixa essa poeira, deixa a sala à meia luz Solta essa tristeza e deixa que o mistério te conduz Fecha a porta, abre os olhos, deixa o perfume envolver Veste a seda, prova o vinho tinto de sangue a ferver E deixa que o relógio para Que a parede isola Que esse teto impede Deixa que a chuva ignora Que esse vento é leve Que essa angústia cede Deixa que essa água é forte Que esse chão é firme Que esse mel é puro Deixa que ninguém nos ouve Que ninguém percebe Que és o que eu procuro Queima as fotos, quebra essa raiz que ainda te prende ao chão Abre os braços, salta do penhasco, olho do furacão Perde as estribeiras que as sereias cantam pra você Rasgue a vela, cante para o mundo pelo teu prazer E deixa que esse ar é doce Que o escuro aquece Que essa noite é longa Deixa que essa rua espia Que a cidade aplaude Que o mundo te assombra E deixa que o teu peito grita Que o teu mar é imenso Põe tua voz pra fora Deixa que o passado chora Que o futuro espera Até sobrar o agora