Guilherme Caboclo

Algo Caboclo

Guilherme Caboclo


Julho de 88
Nós luta muito pra sobreviver
Na hipocrisia dessa sociedade
Que herdou modus operandis, estrangeiros
E finge que esqueceu a verdade

Mas na real? Todos sabem
A mãe do Brasil é indígena
Pra quem chegar, e for escutar
Algo caboclo
Talvez ache pouco
O que eu fiz
Ou até quem sabe?

Uma completa merda o que se diz
Mas o que se diz?
“Cho o cara que canta um mala
Desafinado
E que só fala com desagrado
A quem ame o sistema colapsado
Um desconhecido que nos desmente
Bem na nossa frente

Indiferente
Se é macumbeiro, pajé
Romano, ateu, ou crente
E etecetera
Te contar uma história
É que não confio, e nem dou ouvido à lorota
De quem se senta no alto do conforto
Do seu apartamento
Alheio ao sofrimento
Do povo, sem orçamento
Sem vacina e sem oxigênio

Absorto em adornos e acabamentos
Lajotas enceradas, cortinas empoeiradas
Mesas com tampos de cristal
Onde otário senta, pra dizer que é o tal
A métrica da vaidade
Em falsidade extravagante
Jura ser imortal
Que brilho bonito ein?

Ficar convencido, que a batalha do outro
Sempre dói pouco e mais fácil é falar
Mas se for do caboclo, o bico entorta na fofoca
E sempre vai entortar
Pra quem é de doce, é aqui que se mostra
Como foi que nóis fez, a pedra virar paçoca
Como foi que nóis fez a pedra virar paçoca?
Bota fé? Pedra, virou paçoca!