Longe, num fundão de campo Com meu radinho ligado Eu tava cortando lenha E ajustando o meu roçado Escutando meus colegas Com quem cantei no passado Cedito, inté' meio dia Depois que a tarde caía O empreito estava encerrado Numa tarde mormacenta Que o velho Chico cantava Eu secava o suor no lenço O sol, meu rosto judiava Disse o nosso locutor Ansioso foi noticiando Tem baixa na capital Idosa passando mal De minha mãe, foi falando Larguei da enxada e machado Meu rancho perdeu razão O suor transformou-se em pranto Me apertando o coração O mundo que eu construía A minha mãe esperava Pra que estância e plantação? Caí de joelhos no chão Com o que o rádio noticiava Montei meu pingo Tobiano Pra o povo, fui me bandeando Mais parecia uma benção O trem tava me esperando Dezoito horas de angústia Dezoito horas rezando Mas meu coração dizia Que a querida mãe partia Mas estava me esperando Eu cheguei na casa grande Tal qual a porta do céu E senti o amor materno Qual abelha beija o mel Repousou a mão no meu rosto E um conselho ela me deu: -No coração, vais comigo Leve o rosário contigo! Fechou os olhos e morreu O mato virou fazenda Com a benção que a mãe me deu Segui com o teu conselho E o meu mundo floresceu Lembrança desta santinha Presente que Deus me deu Pois quem tem a mãe querida Tem mais riqueza na vida Que um filho que já perdeu