Eu sou gaúcho de berço e de coração Vivo no campo e sou feliz como ninguém Moro num rancho modesto e hospitaleiro Planto de tudo, cuido dos bichos também Levanto cedo para ouvir a passarada Tenho sossego e trabalho sem patrão Semeio amor no jardim de terra pura Colho fartura e alimento o coração O quero-quero grita no campo O meu cavalo corcoveia no potreiro Bato no peito e canto com orgulho Viva o meu rio grande do sul brasileiro De madrugada quando o sono me abandona A lua cheia me convida pro galpão Vou- me envolvendo nas cordas do pensamento Dedilho o pinho ao sabor do chimarrão Lá pelas tantas eu arranjo companhia O galo velho improvisa uma canção Até parece lamentar o desencanto Que o modernismo provocou no meu rincão Uso bombacha como traje cotidiano Do melhor pano, de algodão ou de riscado Da erva-mate faço café da manhã Canto meus versos tocando os fios do alambrado O gauchismo que carrego no meu sangue Tornou-se lema na bandeira da igualdade Que tem no mapa meu ideal de justiça E no rio grande firmei minha identidade