Meu trabalho é de peão campeiro Conforme diz meu documentos Sigo sem afrouxar nenhum tento De campanha, crioulo e fronteiro Mas eu trago outro ofício no mundo Que esses fundos já sabem qual é Canto baile nos ranchos de campo Do retiro a azevedo sodré Bendição que eu carrego comigo Ser um peão cantador de campanha Com o gaiteiro eu me entendo por sanha Pra pobreza eu até já nem ligo Me chamaram pra sábado agora Cantar um baile na costa do areal Eu não tenho no bolso um real Mas eu sou o cantador dessa gente de fora Chão batido de saibro vermelho Meia água de quatro por cinco Vou mirando os buracos do zinco E cantando ao clarão do cruzeiro Um tranco véio campeiro, desses de sai agachado Quanto mais abagualado, mais a indiada corcoveia Boleio a perna, com as vistas sujas de terra De andar laçando macega, no rastro de uma morena Marca buenaça, lindeira lá da campanha Quanto mais se arreganha, mais se gruda nas orelhas Soca as ilheiras, apeando as garras da encilha Tocando em rádio de pilha, enquanto lavo o xergão Esse trancaço é botado, xucro dos quatro-costado E até parece uma fera, um bando de quero-quero Que não se leva no berro, acostumado com o gado