Sou grito do quero-quero quando um gaudério passa Sou laço de doze braça que a tradição trançou Sou o passado que voltou sou um herói farroupilha Eu sou esse chão que brilha que o gaúcho consagrou Sou mandalete da estância troco a intriga pela paz Sou ordem de um capataz pra qualquer peão buenacho Sou trança de barbicacho a segurando o chapéu Sou colorido do céu que admiro aqui de baixo Sou este tapete verde estendido nesse chão Sou trago de chimarrão da chaleira enfumaçada Sereno da madrugada orvalhando esses campos Sou brilho dos pirilampos numa noite enluarada Sou redomão caborteiro ainda bobo de rédia Sou parilheiro de média numa cancha de carreira Sou alambra de porteira corredor de chão batido Sou fandango divertido sou festa de domingueira Sou o grito do tropeiro da tropa que vai passando Sou poeira levantando que se some com o vento Sou nível do pensamento e o badalar do cincerro Sou abrigo de um cerro onde o gado faz paramento Sou o som de uma cordiona ponteio de um violão Sou poesia e canção sou verso de um trovador Sou este frio e calor sou mormaço e chuvisqueiro E no calor do entreveiro demostro todo o valor Sou o sepés tiaraju legendário de outrora Sou minuano que chora no espaço soberano Sou diário sou o plano traz a tropa e leva a tropa Sou aguaceiro que ensopa o poncho de qualquer pano Sou o mugido do gado pastando sobre a invernada Sou relincho da manada dos campos amadrinhados Sou o verso bem rimado que divulga a tradição Lhes digo de coração sou o Rio Grande afamado