Na vida de peão de estância Tenho histórias pra contar São tantos anos taureando Minha sina de montar Encilho potros malevas Na estância do cafundó Muitos deles perdem as baldas Numa montaria só São ofícios de campeiro De ginete e domador Bolear a perna sem medo Em xucro corcoveador Quem monta sabe o perigo Respeita as forças do maula São atalhos de experiências Que não se aprendem na aula Fazer do mais aporreado Potro pra lida campeira Doce de rédea e na cancha Bom de pata pra carreira E pra num fim de matina Dar garupa pra uma china Mimosa e namoradeira Quando as vezes me perguntam Se não canso de montar Ou se monto por que gosto Dos golpes do corcovear Tenho prazer de amansar E tirar coscas de xucro É assim que ganho a vida Me divirto e tenho lucro Quem luta no dia a dia Sabe aonde aperta os calos Por isso que eu levo a vida Sobre o lombo dos cavalos Minha doma não tem sangue Tem disciplina e empenho Cada cavalo que eu domo É mais um amigo que eu tenho