Eu sou da terra e sou da beira do rio Onde perfume era o cheiro da floração Da lua cheia e do ponteio da viola Felicidade era rotina no sertão Até que um dia alguém quebrou meu lampião Iluminou-me com o brilho do gás neon E eu troquei pelo brilho dos olhos dela Simplicidade era rotina no sertão A pedra do moinho quebrou A pedra do moinho quebrou A pedra do moinho quebrou O amor da morena se acabou Minha palavra é de cabo inocente Feita de sonho desnutrida e cor de anil Da cor da pele da morena moreneia Da minha pele e da casca do pau-brasil Um dia eu quis também pintar a minha boca Com baton da palavra razão Na hora certa eu não pude usar No fim do dia eu só manchei meu violão A pedra do moinho... Eu sou os olhos espreitando pelas frestas Que faz tremer aqueles que me vêem assim Sou o soldado batalhando em guerra fria Sem uniforme sem estrela e sem fuzil Eu sou os pés que caminham em contato Com este chão que eu cultivei mil corações Estou na viva-podre-natureza-morta Estou nas ruas, nos jornais e nas prisões A pedra do moinho...