Atiro a linha com isca até aonde a vista alcança Campeando a carpa arisca cevada há uma semana Se o espinhel enroscou, mergulho e solto na manha Não froxo pra água fria nem mordida de piranha Cutuco embaixo da pedra, onde o cascudo se aninha Chuleio na água limpa um cardume de tainha Dobra a vara do caniço, encho a fieira de mandi Jogo a tarrafa e puxo, forrada de lambari Minha rede é malha grossa, tem cem metro, ponta a ponta Pega jundiá e pintado, por acidente uma lontra O vento norte soprando, bate as onda no purungo Se algum louco dá revista, de vereda leva chumbo Vou deslizando a canoa, tomando um gole de pura O surubi tá lá embaixo, trinta metro de fundura Viro a proa rio acima com o remo de boléia Radio de pilha ligado, escutando o Porca Véia Ali na barra da sanga, tem uma piava pulando E, entre os aguapés, as traíra borbulhando Numa espera bem armada, dourado ricocheteia Chico venha dá uma mão, pesa mais de arroba e meia A peixeira tem serviço, tira escama a reviria Nesta noite tem fritada e chorna com a parceria Me recosto e abraço minha amada com ternura Agradeço ao criador, por nos dar tanta fartura