Eu não posso me calar O mais alto que eu conseguir eu vou gritar Desse lado de cá só vejo dor e sofrimento De mães que perderam seus filhos pra um sistema violento Eu não posso me calar O mais alto que eu conseguir eu vou gritar Desse lado de cá só vejo dor e sofrimento De mães que perderam seus filhos pra um sistema violento O projetil que alveja e acerta é só estopim De todas as mortes simbólicas que se antecedem Tome cuidado pelo seu camin meu fi Dizem as pretas velhas desde os menorzin Arma apontada sem razão na cara de um menino Deixa subentendido que morreu um ser humano já Se tornou só mais um neguinho sem dignidade Perdeu sua identidade e o dom de enxergar as possibilidades Então, se for preta, preto, pobre, reflita Quantas vezes o sistema já te matou só durante essa vida? Só durante essa vida Será que é normal toda essa guerra Onde efetuar um disparo é legítima defesa Não, não está preso, está só afastado por um crime que foi forjado Não são treinados para ter um diálogo Além disso, anda fardado e armado Despreparo, um disparo, mais uma vítima corre ferida Talvez não seja a hora da sua partida Uma rotina constante, baleando, matando estudante Talvez sua narina explique a sua vinda Querem dinheiro e tirar do seu caminho mais um negro Um jovem negro Somos a favela, o nosso direito é atirar o lazer nelas Somos a favela, o nosso direito é A guerra vem de muito tempo, domínio sobre todo o eixo Atos cometido na intenção de destruir Assassinando minha raça, mas não vão me impedir Chega de explorar meu povo por aqui Estatísticas escondem a realidade Na oportunidade vermes entram na favela e reage diante toda a sociedade Perseguição, exterminação sistemática A trajetória da violência aqui é trágica, é trágica, é trágica, é trágica Yeah Fios e gatos gritam quando a Lua cai E o tráfico todo dia atrai Na esperança de vida melhor, eles se entregam no corre sem dó E é como um míssil, vamos perdendo nossos meninos para porcos assassinos Sem perdão, o tribunal é na rua sem compaixão É clic clic plow Caiu no chão Paredes regadas de revoltas, pintadas, sangue nas faixas Rostos com marcas que o sistema que não sente Quem não sofre não entende Verme que mente Um crime num inocente Se não é pra matar, pra que armar toda essa gente? E se não é pra matar pra que armar toda essa gente? O pacto é trazer destruição Instalar o caos no gueto, devastar os meus irmãos Os homens tudo tão nessa função e o que estamos fazendo pra mudar essa visão? De que preto é culpado E merecia ser baleado Tudo que ela queria era só voltar pra casa Yeah O genocídio na sua bala que atravessa o peito E quem falou foi Tati Preta Soul Eu sei disso porque preta sou Minha vida é resistência, lutar Com medo da madruga Mas eu resisto e persisto por minha cor Minha ascensão Sei que meus corres nunca serão Tudo é muito desigual, a lei do homem é falha Fica somente no papel e na fala No silêncio da mancada é que propaga extinção Ganha até medalha quando cai mais um irmão Pa Boom Mais uma bala alojada Pla Boom Mais uma voz que foi calada Mais uma família no meio de várias Que eles deixaram desamparada Eu não posso me calar O mais alto que eu conseguir eu vou gritar Desse lado de cá só vejo dor e sofrimento De mães que perderam seus filhos pra um sistema violento Eu não posso me calar O mais alto que eu conseguir eu vou gritar Desse lado de cá só vejo dor e sofrimento De mães que perderam seus filhos pra um sistema violento