Vestia o terno marrom, Traje de ir à missa ou um casamento, Que o resto do tempo Ficava guardado num canto escuro De seu guarda-roupa na pensão. A mão procurava o cabide E puxava pra fora, Bem mais do que o pano e a cor, Uma vida inteira O fundo do poço Aonde a luz desse sol não vai E os rostos chegavam sorrindo Como se chegassem Na esquina pro papo (Pro chope gelado As fritas no prato O sonho dourado Com a moça que a noite levou). Saia, Cruzava a praça No mesmo caminho Pra mesa da ponta, Toalha já pronta, Do lado o garçom, Sorriso sereno, Com a velha cadeira. A espera da turma A tosse noturna Roendo por dentro As noites em conta O quanto é a gorjeta A turma não chega Até sexta-feira Às nove em ponto Quer chova ou não.