Meu sertão vai se acabando Nessa vida que o devora Pelas trilhas só se vê Gente boa indo embora Mas a estrada não terá O meu pé pra castigar Meu agreste vai se secando E com ele eu vou secar Pra que me largar no mundo Se nem sei se vou chegar A virar em cruz de estrada Prefiro ser cruz por cá Ao menos o chão que é meu Meu corpo vai adubar Se, doente, sem remédio Remediado está Nascido e criado aqui Sei de espinho onde dá Pobreza por pobreza Sou pobre em qualquer lugar A fome é a mesmo fome Que vem me desesperar E a mão é sempre a mesma Que vive a me explorar