Mostraram-me um dia na roça dançando Mestiça formosa de olhar azougado! Co'um lenço de cores nos seios cruzado Nos lobos da orelha pingentes de prata! Que viva a mulata Por ela o feitor! Diziam que andava Perdido de amor! De em torno dez léguas da vasta fazenda Ao vê-la corriam gentis amadores! E aos ditos galantes de finos amores Abrindo seus lábios de viva escarlata! Sorria a mulata Por quem o feitor! Nutria quimeras E sonhos de amor! Um pobre mascate, que em noites de Lua Cantava modinhas, lundus magoados! Amando a faceira dos olhos rasgados Ousou confessar-lhe com voz timorata! Amaste-o, mulata E o triste feitor! Chorava na sombra Perdido de amor! Um dia encontraram na escura senzala O catre da bela mucama vazio! Embalde recortam pirogas o rio Embalde procuram no escuro da mata! Fugira a mulata Por quem o feitor! Se foi definhando Perdido de amor!