Sou filho da Lua cheia Do Sol um filho bastardo Tive uma vida, deixei-a Por nunca ter sido amado Sou como o mar selvagem Que tudo mata e destrói Por não encontrar coragem De aceitar o que me dói Sou do fogo a chama Sou o vento, o tudo, o nada Sou o abismo que brama Tua ausência prolongada Sou alma que flameja Sedenta da vingança A boca que ninguém beija A voz que não te alcança Sou o fumo da candeia Que se extingue neste fado Tive uma vida, deixei-a Por nunca ter sido amado